Por Amaury Pontieri *
Quando ouvimos a palavra violência, a maioria de nós a associa quase que imediatamente a acontecimentos que são mostrados à exaustão todos os dias nas mídias de massa ou nas mídias sociais, a exemplo de assaltos, feminicídios ou agressões entre torcedores de times rivais. Poucas pessoas, porém, se reconhecerão violentas, uma vez que identificam essa condição apenas em situações que envolvem ataques físicos ou psicológicos.
No entanto, somos treinados, desde cedo em nossas vidas, a adotarmos uma mentalidade agressiva, que encontra embasamento em nossos instintos. Aprendemos que, para obtermos algum tipo de vantagem, alguém deve perder, e muito naturalmente chamamos isso de luta pela sobrevivência. Isso gera consequências nas sociedades humanas, e também em nosso comportamento individual.
Marshall Rosenberg (1934 – 2015), psicólogo norte-americano, mediou conflitos e viajou a regiões castigadas por conflitos e guerras, auxiliando a implantar programas de paz. Com base em sua experiência e na psicologia humanista de seu professor Carl Rogers, desenvolveu o conceito de comunicação não-violenta (CNV). Essa prática nos leva a identificar a agressividade cotidiana que praticamos e não nos damos conta, principalmente na forma como nos comunicamos, e mostra que ela é apenas uma de muitas estratégias possíveis. Trata-se de uma opção, e uma que nos traz, mais cedo ou mais tarde, tristeza, dor e insatisfação.
Para praticarmos a CNV, em primeiro lugar, desenvolvemos a conscientização de que somos seres humanos e temos necessidades básicas, exatamente da mesma maneira que nossos interlocutores. Identificamos nosso substrato humano comum.